sexta-feira, 25 de maio de 2012

   Li a obra 'Morte e vida severina' do autor João Cabral de Melo e Neto, faz uns dois ou três anos, mas hoje, ao ver essa imagem e esse trecho tão condizentes em 'Raízes do Nordeste', seria impossível não postá-los aqui.



Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).

VIDA E MORTE SEVERINA
(João Cabral de Melo e Neto)




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