segunda-feira, 11 de junho de 2012

Mulheres e a contemporaneidade



      Desde o início da história do sexo feminino que podemos constatar a existência de mulheres de vanguarda, aquelas que precisaram romper com os padrões da época, mostrando estarem à frente de seu tempo. Mulheres que tiveram audácia suficiente para lutar pela busca de um reconhecimento na sociedade, para que nós não fossemos vistas simplesmente como um mero “pedaço de carne” ou um objeto de satisfação para o sexo masculino, mas como seres pensantes capazes de ter domínio sobre sua vida, seu corpo e sua sexualidade.
        Durante muito tempo o sexo feminino foi depreciado em nossa sociedade e não tinhamos direito de vez e voz, foi preciso que houvesse mulheres capazes de lutar para reverter esse quadro, mulheres que lutaram por “causas individuais ou coletivas”, mas que de qualquer forma, proporcionaram um progresso conjunto.
Entretanto, me afligi perceber que depois de toda essa incessante luta para que conquistássemos a liberdade que hoje temos, algumas mulheres na contemporaneidade vivem um absurdo retrocesso. Pois, perdoem-me os mais liberais, se pareço ser em demasiado conservadora com minha fala, mas acho uma regressão perceber que algumas mulheres utilizam da superexposição de seu corpo, para atrair a atenção das pessoas, sobretudo, dos homens.
        Torno a repetir, minha fala pode soar como conservadora ou preconceituosa, porém, acredito que uma mulher que busca chamar a atenção para si, através do tamanho de seus seios desnudos por um enorme decote e de sua capacidade de vulgarizar-se, está jogando pela janela tudo o que conquistamos, pois uma mulher que expõe demasiadamente o seu corpo, estará atraindo a atenção de muitos, apenas por isso, e isso, é muito pouco.
      Sei que a liberdade conquistada foi, inclusive, para que pudéssemos nos vestir ao nosso bel prazer, porém, devemos estar cientes de que uma mulher que expõe ao máximo o seu corpo, não incita as pessoas a sua volta a quererem conhecer mais, pois a impressão que é passada, é que tudo que ela tem de atrativo, está sendo ofertado ali.

 Mulheres, não se “objetifiquem” dessa forma, vendendo apenas a imagem de um belo corpo, pois somos bem mais que isso, a questão estética é apenas um dos fatores na composição da beleza de uma mulher!


terça-feira, 29 de maio de 2012


     Como se não fosse suficiente todo o descaso dos nossos governantes para com o sistema educacional, ainda há o não reconhecimento social com os profissionais da educação.
        
     É incrível como uma parcela da sociedade segrega os estudantes de licenciatura e desconhecem o devido o valor daqueles que possuem o poder de formar profissionais das mais diversas áreas. É assombrosamente  impressionante como algumas pessoas não compreendem a importância de um pedagogo em uma sociedade. Atualmente, estudantes do curso de pedagogia, muitas vezes, sentem-se até constrangidos em falarem sobre sua formação acadêmica, pois vivemos em um meio social que só sabe reconhecer préstimos em alguns cursos tais quais não preciso citar nomes.

    É triste perceber que não há o menor incentivo para os alunos que estão saindo do ensino médio ingressarem nas universidades tendo como objetivo seguir algum curso de licenciatura. Me causa grande pungência, ver que o mais valoroso profissional em uma sociedade, é tão depreciado e ignoto.

    Só me resta lamentar!





sexta-feira, 25 de maio de 2012

   Li a obra 'Morte e vida severina' do autor João Cabral de Melo e Neto, faz uns dois ou três anos, mas hoje, ao ver essa imagem e esse trecho tão condizentes em 'Raízes do Nordeste', seria impossível não postá-los aqui.



Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).

VIDA E MORTE SEVERINA
(João Cabral de Melo e Neto)




sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Muito além do anos de chumbo

“A tortura é uma degradação hedionda
para qualquer um que a empregue e –
isto ultrapassa os limites do horror -,
para qualquer um que a sofra.” 



       Entre as décadas de 60 e 80 o Brasil vivenciou uma ditadura militar e, este, tornou-se um período marcado pelo despotismo, veto aos direitos estabelecidos pela constituição, opressão policial e militar, encarceramentos e suplício dos oponentes. Nessa época a censura aos canais de informação e à produção cultural foi intensa,  tudo era acompanhado muito de perto pelos censores do governo para que a população não tivesse acesso as informações sobre o que genuinamente ocorria no país.




        Durante vinte e um anos o Brasil foi governado apenas por militares, Foi um longo tempo de enfrentamentos políticos e sociais. Esse período foi caracterizado pelo despotismo, pela extinção dos direitos constitucionais, perseguição política, encarceramento e longo sofrimento dos opositores.


            Entre as mais diversas manifestações culturais, a música foi  a que mais sofreu com a censura, devido à sua capacidade perspicaz de entrar no inconsciente das pessoas, e por esse motivo vários autores musicais acabaram aprisionados e expatriados, vários discos foram vetados e recolhidos, algumas canções nem chegavam ao conhecimento dos ouvintes. Possuímos uma enorme lista de artistas que foram exilados, presos e/ou até torturados pelo Regime vigente naquela época, entre eles, cito o paraibano Geraldo Vandré que ficou bastante conhecido após sua composição "Pra não dizer que não falei das flores".








        Essa bela canção, esteve entre as mais cantadas pelos manifestantes, porém, tivemos também muitos cantores que aos olhos do Estado eram tratados como nocivos. Cantores como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina, Milton Nascimento, Raul Seixas... entre outros, representavam uma afronta à Ditadura, por suas canções de protesto que tentavam conscientizar a população, por utilizarem a arte como instrumento de agitação política.


Imprensa alternativa

"Durante a ditadura aparecem no Brasil cerca de 150 periódicos regionais e nacionais de oposição ao Regime Militar. Denunciam a tortura, as violações dos direitos humanos, a falta de liberdade, o arrocho salarial e a degradação das condições de vida dos trabalhadores. O marco inicial da imprensa alternativa ocorre em 1969, com O Pasquim. Depois aparecem o Bondinho (1970), Polítika (1971), Opinião (1972), o Ex (1973), entre outros. A partir de 1974, a imprensa alternativa adquire o caráter de porta-voz de movimentos ou grupos da esquerda. Destacam-se os jornais Movimento (1974), Versus (1975), Brasil Mulher (1975), Em Tempo (1977), e Resistência (1978)."

Bom, como indicações de filmes que retratem o que foi a Ditadura Militar no Brasil, eu posso indicar os seguintes:
* Batismo de Sangue - Dirigido pelo cineasta  Helvécio Ratton e baseado no livro de Frei Betto.
* O ano em que meus pais saíram de férias - Dirigido por Cao Hamburger
* Zuzu Angel - Dirigido por Sérgio Rezende









domingo, 5 de fevereiro de 2012

Aborto: uma questão que esbarra em crenças religiosas e valores éticos


Um breve comentário que intenta deixar algumas reflexões!


   Uma das prioridades do Direitos Humanos é resguardar o direito à vida, todavia não existe um critério definido sobre quando, de fato, um embrião ou feto podem ser considerados seres humanos. As ideias variam conforme convicções  morais, religiosas e científicas.
   O código penal brasileiro classifica o aborto como um crime contra a vida, com punição prevista de um a três anos de prisão. Como a lei só autoriza o aborto em casos excepcionais, a prática clandestina é disseminada. Um dos grandes problemas do aborto clandestino é que a imensa maioria ocorre em clínicas precárias ou em casa mesmo, em condições de falta de higiene, sem cuidados nem supervisão médica adequados, portanto, nessas condições, os riscos de complicações graves são altos e a mulher pode morrer, sobretudo por hemorragias e infecções.
   Ademais, a criminalização do aborto é ineficaz, pois ninguém deixa de recorrer a ele por ser proibido. Assim, classificar o aborto como crime induz a práticas de risco e atinge mais as mulheres pobres e vulneráveis. Daí a necessidade de tratar o aborto como um problema de saúde pública e de direito da mulher decidir sobre seu próprio corpo.



   Não ignoro a importância do aborto para as religiões, mas por que essa regra moral precisa valer para toda  a sociedade? No ano de 2010 o papa, Bento XVI, chegou a fazer "campanha política" contra a atual presidente porque ela havia dito que defendia a descriminalização da prática abortiva.
    
  Se o aborto fere aos princípios da igreja, por exemplo, então os praticantes da religião é que devem estar conscientes de que estão indo contra a sua crença religiosa, todavia a Igreja não pode querer impor sua preponderância a toda a sociedade. Não estou me posicionando a favor do aborto, estou colocando-me contra a interferência arrogante da igreja em questões de estado, pois como falei anteriormente: "a criminalização do aborto é ineficaz, pois ninguém deixa de recorrer a ele por ser proibido"

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A necessidade de uma mídia coerente



       A livre expressão da atividade intelectual, inclusive de comunicação, é assegurada pela constituição federal de 1988. É de bom senso que essa liberdade de informações seja garantida, todavia, devem ser evitados abusos. Durante vinte e um anos o Brasil foi vítima de uma ditadura militar e, concomitante a isso, houve um embargo em boa parte da produção intelectual da época, pois a censura coibia músicas, filmes, peças de teatro... enfim, tudo que não soasse agradável ao regime vigente. Em 1985, o Brasil entrou em processo de redemocratização e em 1988 temos uma constituição enquadrada nos moldes dos Direitos Humanos. Fato este, de importância irrefutável; no entanto, nos dias atuais, a imprensa tem utilizado desse respaldo para disseminar conteúdos impróprios para o recinto familiar. Para que essa massa de conteúdos inóspitos, não possa ser ainda mais reproduzida e propagada entre outros canais, é necessário que sejam tomadas medidas imediatas, para que em um futuro, não tão distante, não precisemos assistir à cenas de baixo calão ao meio-dia.

     Deve haver regras e limites, para evitar tais abusos nos meio de comunicação, pois se continuarmos dessa forma, onde iremos parar?



   *Sobre essa temática deixo como sugestão, para os que ainda não assistiram, o filme 'O Quarto Poder', dirigido pelo cineasta grego Costa-Gavras. É um filme estadunidense de 1997 em que é mostrado um pouco do poder de manipulação que a mídia exerce sobre a vida de seus telespectadores.



sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Pagu: a musa de olhos moles e lingua ferina que defrontou a Ditadura Varguista


Comunista, feminista, escritora e jornalista brasileira; Pagu, causou muita polêmica, ademais, foi a primeira mulher a ser presa no Brasil por motivações políticas.

Patrícia Galvão, a Pagu, era uma mulher muito avançada para os padrões da época; sendo essa, a causa para sua vida pessoal ser repleta de muitas controvérsias. Ela costuma ser conhecida, na sociedade atual, por suas extravagâncias, pois, ela não queria saber o que pensavam dela, tinha muitos namorados e causava polêmica, no entanto, Pagu não era apenas a musa do movimento antopofágico que "destruiu" o casamento de Oswald de Andrade com Tarsila do Amaral.

Ao longo de sua vida, a musa, foi presa 23 vezes, por sua lutar contra as desigualdades, e o totalitarismo personificado na figura de Vargas no Brasil. Em 1931, Pagu foi presa como militante comunista, durante uma greve dos estivadores em Santos. Após ser solta publicou o romance "Parque industrial",  em 1933, com o pseudônimo de Mara Lobo. A obra, era uma narrativa urbana sobre a vida das operárias da cidade de São Paulo.

Pagu foi à União Soviética. Registrou, em "Verdade e Liberdade", sua decepção com o comunismo: "o ideal ruiu, na Rússia, diante da infância miserável das sarjetas, os pés descalços e os olhos agudos de fome".

Durante a revolta comunista de 1935, Pagu foi presa e torturada, ao sair da cadeia, em 1940. Estava muito doente, arrasada, e pesava 44 quilos - tentou suicídio ao ser libertada.Voltou a tentar suicídio, em 1949. Nos anos seguintes, foi crítica literária, teatral e de televisão no jornal "A Tribuna", de Santos. Nessa cidade, liderou a campanha para a construção do Teatro Municipal, além de fundar a Associação dos Jornalistas Profissionais.

Em setembro de 1962, foi operada de um câncer, todavia, a cirurgia não teve êxito e muito doente, viveu até dezembro do mesmo ano.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011



"O homem que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera."
(Augusto dos Anjos)








“O que é obsceno? Ninguém sabe até hoje o que é obsceno. Obsceno para mim é a miséria, a fome, a crueldade. A nossa época é obscena.”
(Hilda Hilst)







Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel Bandeira)

Meu sangue é negro, branco, amarelo e vermelho

 

O artigo 5º de nossa constituição diz: "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza", portanto, torna-se intolerável que ainda haja práticas racistas de forma aberta ou dissimulada, mas que constituem discriminação. Ademais, o traço mais marcante de nossa etnia é justamente a incrível diversidade, sendo impossível definir de forma objetiva alguma linha que coloque "brancos" de um lado, e "negros" de outro. A sociedade brasileira caracteriza-se por uma pluralidade étnica que é produto de um processo histórico e nós devemos enaltecer  a mistura, em vez de tentar dividir a nação.

domingo, 13 de novembro de 2011

Alcançamos uma liberdade genuína?

  Durante séculos a mulher foi vítima das mais diversificadas formas de repressão devido a conceitos pré-estabelecidos pela sociedade. Não obstante, na atualidade as mulheres não precisam mais serem "santas" ou "putas", pois, podem ser livres, donas do seu desejo, do seu corpo, da sua sexualidade.

 Os resquícios de machismo que ainda há na atual sociedade, possuem raízes profundas e remotas. Ele nos remete a uma época em que a mulher não possuía nem vez, nem voz nos âmbitos público e privado. Trata-se de um momento da história, em que aquela, foi depreciada e colocada em uma posição desumana.

 O padrão ético-moral existente no período medieval era imposto pelo cristianismo da igreja católica, que reprimia impetuosamente a sexualidade e o prazer, pois o 'pecado original' , a partir de conceitos religiosos da época, fizeram do sexo, um ato demonizado. E consequentemente, os homens passaram a odiar seu objeto de desejo (as mulheres), associadas a idéia de tentação, de libertinagem.

  As mulheres eram consideradas um perigo moral, havia uma verdadeira fobia de mulher, e toda aquela que possuía algum poder de conhecimento, era considerada bruxa (mulher sábia), porém, o termo foi deturpado pela igreja católica para um uso com sentido pejorativo.

  Felizmente na contemporaneidade, essas mazelas que outrora assolavam o sexo feminino, foram pouco a pouco sendo aniquiladas, e hoje, a mulher possui vez e voz. Ela conquistou o direito de libertar-se, inclusive, dos tabus que um dia foram vigentes em nossa sociedade.





  O legado de Gabrielle Chanel (Coco Chanel) não está apenas em seus inventos para a moda feminina, suas atitudes ajudaram a emancipar a mulher do desconforto nada prático que a escondia em espartilhos e chapéus pesados, liberando-a para agir e, principalmente, pensar livremente.





   A saudosa Bertha Lutz, criadora das bases do feminismo no Brasil!